O Brasil, em meados da década de 1960, ainda era um país provinciano e a Dita começava a ficar dura. Hoje, mesmo que pareçamos mais antenados com os acontecimentos do mundo que nos cerca, são as pequenas coisas; aquelas que estão mais próximas de cada um de nós que realmente nos tocam a alma e nos fazem pensar, ou ter um sentimento qualquer. Essas coisas pequenas podem ser uma letra de música e uma melodia que trazem uma mensagem, mesmo que pareça melancólica. Mas, se prestarmos atenção, veremos que é um mote para nos levantarmos e seguirmos em frente.
Lógico que os compositores eram pessoas engajadas e mostraram, a partir de um Brasil rural, mesmo que de uma forma romântica, porém, forte. Demonstrando que seu povo, isto é, cada um de nós é dono de seu destino e atitudes. O engajamento político ao analisar aquele momento de nossa vida política está contido no trecho “Porque gado a gente marca/Tange, ferra, engorda e mata/Mas com gente é diferente…”, ao comparar o povo a uma boiada. O mesmo tema foi utilizado anos depois por Zé Ramalho “Ê,ô,ô vida de gado/Povo marcado ê/Povo feliz…”
Sendo assim, vamos curtir Disparada, uma toada belíssima que ficou em segundo lugar no II Festival da Música Brasileira, em 1966. Perdeu para “A Banda”, de Chico Buarque. O gênio estava surgindo, portanto é desculpável a colocação da composição de Geraldo Vandré e Theo de Barros. Preste atenção ao acompanhamento. Um músico usa uma queixada de burro para fazer percussão. Veremos também os componentes do MPB4, em início de carreira, observando a interpretação de Jair Rodrigues. Chico Buarque entrando no palco juntamente com Nara Leão. Observem as roupas, os modelos dos óculos, penteados, etc e verão um tempo que não volta mais.
Eu também não poderia deixar de falar sobre uma outra música de Geraldo Vandré, que muitos anos depois de sua proibição virou sucesso e todos nós sabemos a letra de cor. Esta, talvez, tenha sido a canção que embalou a luta pela democracia e liberdade durante aqueles anos de chumbo. Vamos curtir, então, Pra não dizer que não falei das flores.
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